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18º Lição = Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil

Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil

Segundo pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor – GEM (em português: Monitoramento de Empreendedorismo Global), coordenada pela London Business School da Inglaterra e pelo Babson College dos Estados Unidos, em uma lista de trinta e quatro países, o Brasil está entre os sete que mais empreendem, ao abrir novas empresas. Esta característica empreendedora do brasileiro foi confirmada por pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2004), que constatou que, anualmente no Brasil, são constituídas em torno de quatrocentas e setenta mil novas empresas. Entretanto, os dados de 2000 mostram que depois de três anos de vida, 60% das empresas fecham suas portas SEBRAE (2004).
Dentre as causas do fechamento destas empresas, destacam-se, em quase 60% dos casos, aquelas classificadas como de origem gerencial. Tais causas estão relacionadas à falta de planejamento na abertura do negócio, levando o empresário a não avaliar, de forma correta, fatores importantes para o sucesso ou fracasso do empreendimento, tais como o fluxo de caixa, recursos e o potencial dos consumidores (real necessidade do produto/serviço), dentre outros fatores.
Uma rápida análise dos dados do GEM e do SEBRAE permite identificar um lapso entre o perfil empreendedor dos micro empresários brasileiros em geral e o dos profissionais titulados pelas Escolas de Administração do Brasil, que, até alguns anos atrás, formavam pessoas para trabalhar em grandes empresas. Hoje, com a redução dos postos formais de trabalho que se identifica no Brasil, o empreendedorismo passa a ser visto como uma opção de carreira e uma forma de absorver os diplomados que não conseguem se colocar no mercado de trabalho. Identifica-se, portanto, a necessidade de criação de um novo perfil profissional, destinado a ocupar um espaço capaz de canalizar este desejo empreendedor dos brasileiros. Cabendo às instituições educadoras e, mais especificamente, aos educadores, contribuir para o desenvolvimento de uma educação empreendedora, incentivando os alunos a explorarem o espaço potencial para o empreendedorismo no país. É muito importante para isto a distinção do personagem administrador e empreendedor, a confusão entre estas é um dos motivos que leva a falência da empresa por causas gerenciais.
Sobre os problemas dos cursos de Administração atuais no Brasil:
a) os graduados de Administração carecem de formação prática;
b) os conhecimentos dos graduados em Administração são genéricos e superficiais;
c) os cursos de Administração estão dissociados das necessidades do mercado;
d) os cursos de Administração proporcionam ensino desatualizado e não criativo;
e) os cursos de Administração não integram os conhecimentos das várias atividades de uma organização empresarial.
O empreendedorismo em muitas universidades foi absorvido pela grade curricular do curso de Administração como uma disciplina. Como temos visto no decorrer deste curso o Empreendedorismo em si é muito complexo e o Empreendedor para praticar a atividade precisa desenvolver características bastante específicas e que exigem uma qualificação profissional individual ao invés de atrelada a um curso existente. Algumas universidades Brasileiras já identificaram esta incompatibilidade do tema Empreendedorismo com a carga horária e aprofundamento de uma disciplina e o transformaram em um curso de graduação. São exemplos de universidades brasileiras onde encontramos formação em empreendedorismo: USP, PUC, FGV, entre muitas outras. Porém no que tange o Empreendedorismo Social não existe hoje nenhuma universidade que ofereça um curso de graduação na área. Em alguns cursos de Empreendedorismo há uma disciplina dedicada ao Empreendedorismo Social.
Mesmo que não haja curso de graduação existem algumas opções para aprofundar conhecimentos sobre o tema, são elas:
Programa Dignidade: Curso gratuito da Fundação Don Cabral – FDC em Belo Horizonte. O programa dura em torno de 2 anos e da foco em como criar produtos ou serviços que contribuam para a redução da pobreza.
MBA em gestão de Negócios Socioambientais: Especialização de 1 ano e meio para empreendedores voltados para a sustentabilidade e geração de valor socioambiental. Tem um custo de R$ 27,390,00 e é promovido pela Artemísia, pelo Ceats (Centro de Empreendedorismo e Administração em Terceiro Setor) e o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas).
Yunus ESPM Social Business Center: Lançado neste ano de 2013, terá cursos de extensão relacionados à temática de Negócios Sociais e segundo a administração da faculdade a demanda surgiu dos próprios alunos. Como ainda não foram lançados os cursos disponíveis não informações de valores.
O tema empreendedorismo foi popularizado em 1945 pelo economista Joseph Schumpeter como sendo uma peça central à sua teoria da Destruição criativa e só agora surgem formações nesta área. Se seguirmos a mesma lógica considerando Muhammad Yunus como grande difusor do conceito Empreendedorismo Social em 1976 com a criação do Grameen Bank, ainda teremos de esperar mais 20 ou 30 anos para que surja o primeiro curso de graduação em Empreendedorismo social. Com esta preocupação que atuam organizações como a Ashoka e a Artemisia que buscam formar estes empreendedores em cursos próprios. A Artemisia ainda vai um passo além promovem um movimento chamado Movimento Choice, onde jovens universitários são selecionados para difundir o conceito de negócios sociais e empreendedorismo social dentro das universidades através de workshops e palestras. A Artemisia acredita que despertando o interesse do jovem universitário estará criando a demanda de cursos de formação na área, demanda esta que terá de ser atendida pelas universidades brasileiras.
No que tange a atividade empreendedora no Brasil, faz-se necessário relacionar algumas limitações, além das questões de falta de educação apropriada, à prática do empreendedorismo social. Dessas limitações, 60% delas concentram-se em três condições básicas: falta de apoio financeiro, políticas governamentais inadequadas ou inexistentes e questões éticas e de pré-conceito populares.
Quanto à falta de apoio financeiro ela se aplica tanto ao empreendedor tradicional quanto ao empreendedor social e sua principal solução se encontra em criar serviços financeiro que apoiem a atividade empreendedora. O Banco Pérola, em 3 anos de existência, já concedeu microcrédito a mais de 100 mil empreendedores do Rio de Janeiro apenas. As instituições de microcrédito são uma grande alternativa para incentivo a novos empreendedores e não apenas porque oferecem empréstimos em pequenas somas financeiras e baixos juros, mas porque não exigem garantias que os grandes bancos pedem e geralmente oferecem um serviço de aconselhamento e acompanhamento, essencial para os empreendedores com menos experiência. A difusão do modelo de microcrédito pode fazer a diferença para o Brasil, mas também existem outros modelos como o financiamento coletivo que e muito ser explorados para este fim. Outra forma de apoio financeiro são as instituições que dão suporte ao empreendedorismo social como a Artemisia e a Ashoka. Ou seja, existem e ainda podem ser idealizados diversos serviços financeiros de qualidade mas uma importante consideração a resaltar é a importância da idealização de modelos de negócio de baixo investimento inicial e alta escalabilidade, ou seja, negócios onde não é necessário muito investimento para começar e seu modelo permite um retorno financeiro e crescimento rápidos.
Já quanto a políticas governamentais inadequadas ou inexistentes o tópico é bem claro. Deveriam existir no Brasil políticas de incentivo às empresas cuja atividade principal estiver focada na solução de um problema social ou ambiental. Estas empresas estão contribuindo com o progresso social, diferente de muitas outras que estão apáticas ou intervindo negativamente para com a sociedade. Elas estão assumindo o papel de empresa, governo e organização social e deveriam, apoiadas nisto, ter incentivos diferentes de uma empresa tradicional.
Também temos mais 3 superações a serem alcançadas para o sucesso do empreendedorismo social no Brasil, estas são questões relacionadas á ética e pré-conceitos populares:
1) “Visão assistencialista e filantrópica do trabalho em prol da sociedade”: quando se fala em trabalhar em prol do desenvolvimento social o brasileiro logo associa a atividade ao assistencialismo ou a filantropia. O desafio esta em difundir o trabalho em prol do progresso social como uma alternativa de profissão e atividade econômica.
2) “Atitude protecionista e vitimização da população carente”: os empreendedores sociais precisam ver as classes carentes como consumidores, que eles são, consumem desde serviços básicos até lazer como todos nós, apenas não são oferecidos atualmente serviços dedicados a eles e de qualidade. O empreendedor social desenvolve produtos e serviços de qualidade para estas classes e cobra o preço justo por isto. O fato do produto ou serviço ser cobrado, faz com que as pessoas observem o seu valor. Caso o produto ou serviço seja doado elas apenas consumiram enquanto for de graça e por consequência disto, caso o produto não seja mais doado (caso a instituição filantrópica tenha suas doações cortadas), o impacto social terá fim. Ou seja, não é um modelo sustentável. É a velha história do 1 dólar de Muhammad Yunus (ver título O que não é Empreendedorismo Social)
3) “Vilanização do empreendedor que ganha dinheiro vendendo para população carente”: Mesmo que o produto ou serviço oferecido pelo empreendedor esteja melhorando a qualidade de vida de uma comunidade, o fato de ele ganhar dinheiro com isto é visto como se ele estivesse ganhando dinheiro “em cima” dos pobres. Se esta visão não cair teremos menos empreendedores se dedicando ao empreendedorismo social e à transformação social. Se o CEO da Coca Cola pode ficar rico vendendo Coca Cola, porque um empreendedor social não pode ficar rico vendendo Incubadoras de baixo custo à parteiras na Índia como os empreendedores do Embrace?
Vamos revisar, quais são os maiores obstáculos dos Empreendedores Sociais no Brasil?
  •  Falta de educação apropriada;
  •  Falta de apoio financeiro;
  •  Políticas governamentais inadequadas ou inexistentes
  •  Questões éticas e de pré-conceito populares.

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